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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

"O Discurso do Rei" - Esclarecimento

  Boa tarde!

 
Neste post iremos falar sobre alguns mitos que podem surgir após o visionamento do filme “O Discurso do Rei” e confirmar algumas verdades sobre a gaguez.

 

1)      “A gaguez começa sempre na infância.”
 
Parcialmente verdadeiro - Todas as crianças, quando começam a falar, passam por uma fase onde gaguejam, como se estivessem “experimentando” as palavras. Essa fase designa-se por disfluência fisiológica e surge gradualmente, associada a um período de rápido desenvolvimento da Fala e da Linguagem. Ocasionalmente, pode se desenvolver para um quadro de gaguez crónica, manifestando-se com maior frequência entre os 2 e os 5 anos de idade.

 No caso da gaguez não se manifestar na infância e sim na adolescência ou já em vida adulta, o que poderá ter acontecido é que a gaguez já estava presente, mas ainda não se tinha manifestado, pois não tinha existido nenhum fator desencadeante.

 
 

2)      “A gaguez tem relação com problemas na língua ou na garganta.”

Falso - A gaguez é entendida como uma dificuldade do cérebro na temporalização e automatização dos movimentos da fala. Logo, não possui nenhuma relação com problemas anatómicos da língua ou garganta.

 Algumas linhas terapêuticas utilizam exercícios para tonificar e mobilizar estes órgãos, como forma de auxiliar a promoção da fluência, bem como exercícios para voz, porém esta relação é indireta.

 



3)      “Forçar um indivíduo canhoto a ser destro pode causar a gaguez.”

Falso – Apesar da antiga hipótese de que a gaguez estaria relacionada à lateralidade cerebral atípica, ainda não existem dados conclusivos que indiquem associação com a preferência do uso das mãos.

 


4)      “A pessoa com disfluência não gagueja quando canta.”
 
Parcialmente verdadeiro - As pessoas com gaguez não costumam gaguejar ao cantar porque o canto é processado, no cérebro, de maneira diferente que a fala espontânea, auto-expressiva. No canto, há pistas externas como o ritmo, a melodia e uma letra já existente, que auxiliam o cérebro e favorecem a fluência. Contudo, isto não é uma regra e para algumas pessoas o canto não elimina/reduz a gaguez.

 
 

5)      “Quando um “gago” não ouve a própria voz, ele deixa de gaguejar.”
 
Parcialmente verdadeiro – Quando um “gago” deixa de ouvir a própria voz, seja com algum impedimento silencioso ou musical, a fluência do seu discurso tende a melhorar. Isso ocorre porque não existe a confrontação de elaborar ideias de forma rápida para transmiti-las a outra pessoa com quem se fala, como acontece durante uma conversa ou apresentação. Essa modificação do feedback auditivo é uma técnica utilizada em algumas linhas terapêuticas, mas não é uma solução definitiva.

 
 

6)      “Atualmente, na Terapia da Fala, ainda são utilizados os métodos de inserir berlindes na boca ou de rolar no chão, como apresentado no filme.”
 
Falso - Atualmente, esses dois exercícios não são aplicados no tratamento terapêutico. No entanto, algumas estratégias observadas no filme "O Discurso do Rei" ainda são utilizadas pelos terapeutas da fala para facilitar a fluência, como a suavização das palavras, a diminuição da velocidade de fala e a modificação da gaguez.

 
 
 
7)      “A Gaguez tem cura.”
Falso - Até ao momento, não existe cura para a gaguez, no sentido de eliminar o caráter genético e/ou orgânico envolvido, No entanto, há tratamentos com ótimos resultados e reduções significativas das ruturas da fala.
No filme "O Discurso do Rei", George VI obteve sucesso no seu discurso, porém não ficou curado da gaguez, o que aconteceu foi que ele passou a utilizar estratégias que facilitam a fluência.
 
 
 

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