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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mitos - As "Falsas Verdades"

Bom dia, leitores!

Hoje vamos falar sobre os principais mitos associados à gaguez.


Os mitos são afirmações que as pessoas ouvem da família, amigos, etc. e que acabam por adota-los como verdadeiros, sem nunca os questionar.

Contudo, os mitos não têm qualquer fundamento científico.

 
 

 Vamos agora desmistificar alguns desses mitos:

1º Mito: As pessoas que gaguejam são menos inteligentes.

Realidade: A maioria das pessoas com gaguez opta por expressar menos a sua opinião oralmente, devido ao receio de gaguejar, o que poderá, eventualmente, dar ao interlocutor a impressão de que são menos inteligentes.
   Contudo, não há uma relação de causa ou consequência entre a gaguez e a inteligência, isto é, não é a falta de inteligência que causa a gaguez, nem a gaguez que deixa a pessoa menos inteligente.
   Em média, os gagos têm o mesmo QI que as outras pessoas.

 

2º Mito: Um susto pode causar a gaguez.

Realidade: Um susto não pode ser definido como a causa da gaguez. Se os sustos causassem gaguez, então provavelmente todas as pessoas gaguejariam, porque, afinal, quem nunca apanhou um susto?

 

3º Mito: Um susto pode curar a gaguez.

Realidade: Da mesma forma que um susto não causa a gaguez também não a cura. Um susto não tem o poder de alterar a predisposição genética para a gaguez ou de modificar a estrutura e funcionamento do cérebro de pessoas que gaguejam. Portanto, sustos não curam gaguez.
 
 


4º Mito: Nervosismo, ansiedade, insegurança, timidez e baixa auto-estima causam gaguez.

Realidade: Fatores psicológicos não causam gaguez, embora possam agravá-la. Além disso, também está incorreto assumir que pessoas que gaguejam sejam mais propensas a serem nervosas, medrosas, ansiosas, tímidas ou com baixa auto-estima. Algumas pessoas com gaguez podem apresentar ansiedade, insegurança, timidez e/ou baixa auto-estima para falar, mas essas características tendem a ser consequências de vivências comunicativas frustrantes relacionadas à gaguez e não causas da gaguez.
 
5º Mito: A criança gagueja para chamar a atenção dos pais.

Realidade: A gaguez não é um comportamento voluntário. Portanto, a criança não gagueja porque quer ou para chamar a atenção dos pais.
 
 
 
6º Mito: A gaguez é contagiosa, principalmente na infância

Realidade: Ninguém pode pegar gaguez. Se assim fosse, todas as pessoas que convivessem com alguém que gagueja, gaguejariam também, mas isso realmente não acontece.
  Uma criança que nasça numa família de gagos poderá gaguejar pela herança genética, e não por aprendizagem. Isso significa que, mesmo se ela viesse a ser criada por uma família adotiva, ela apresentaria uma tendência para gaguejar.

 
 
 
Esperamos ter-vos ajudado  a desfazer estes mitos! :)
E lembrem-se: Não absorvam apenas a informação que vos é dada, interroguem-se, analisem e tirem as vossas próprias conclusões!  ;D


sábado, 24 de novembro de 2012

Estratégias de Comunicação

Na comunicação com uma pessoa gaga existe sempre alguma dificuldade, tanto para a pessoa que gagueja como para o ouvinte. Para o “gago” torna-se complicado e por vezes até ocorrem momentos de aflição por não conseguir dizer o que pretende com destreza. Para a pessoa que está a comunicar com o “gago” também é complicado porque na maioria das vezes não sabe como agir.

Assim: devemos ajudar? ou não ajudar? Completar a palavra ou não?


Abaixo estão indicadas algumas estratégias que poderão facilitar a comunicação com uma pessoa que gagueja e outras que devemos evitar nesse mesmo contacto!


O que devemos fazer:
·     Durante uma conversa, tratar a pessoa com gaguez da mesma forma que se trata as restantes;

·   Dar atenção ao que ela diz, e não à maneira como se expressa;

·   Se esta estiver ansiosa, diga que tem tempo e não a interrompa;

·   Repetir de forma espontânea o que ela disse, tornando a conversa natural (sendo que esta ao ver que foi compreendida dará menos importância ao modo como se expressa);

·   Reduzir a velocidade de fala ao conversar com uma pessoa com gaguez, marcando bem as pausas e olhando nos olhos;

·   Fazer perguntas que possam ser respondidas com poucas palavras para que a pessoa que gagueja se sinta à vontade.


O que não devemos fazer:
·   Pedir à pessoa para parar de gaguejar;

·    Pedir para pensar ou respirar antes de falar (isto atrapalha, porque o pensamento, a respiração e a fala ocorrem naturalmente);

·   Terminar as palavras ou responder em vez da pessoa gaga;

·   Demonstrar impaciência, irritação ou desconforto em relação ao modo como ela fala.

 

 
 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Importância de Comunicar

“A fala é o meio privilegiado de acesso à comunicação em todas as sociedades. É o vínculo comunicativo imposto por estas a cada bebé que nasce. Através da fala, a criança (ser humano) estabelece relações interpessoais que contribuirão ao longo da vida para a construção da sua identidade” (Gaiolas, 2010).

  Comunicar vem do latim communicare que quer dizer, tornar comum. Durante a comunicação estamos em constante troca de informações e estas trocas podem se dar através de gestos, da escrita e da fala, que é o principal assunto aqui. O ato de comunicar é a materialização do pensamento e dos nossos sentimentos.
 
  Assim, percebe-se que comunicar é “uma faculdade indispensável do ser humano, que compreende um processo dinâmico de interação entre dois ou mais sujeitos, e implica sempre uma intenção comunicativa – transmitir uma mensagem, provocar uma reação no seu ouvinte e vice-versa” (Gaiolas,2010).
 
  Agora que você sabe de tudo isto pense em como seria passar um dia sem poder falar ou um dia no qual cada vez que você se tente expressar a fala “bloqueie”. Você sabe exatamente o que quer dizer, sabe a palavra que quer falar, tudo está na sua mente, mas todas as vezes que você for produzir o som... ele “trava”.
 
  Após isso, pense no que você sentiria... Eu me sentiria angustiada, frustrada e até irritada com o facto disso acontecer a todo o momento. E é exatamente isso que uma pessoa que gagueja sente.

 
Vamos ver então os depoimentos de algumas pessoas que gaguejam?
 
"Ssstutter": curta-metragem sobre gagueira (gaguez).
Este vídeo tem legenda! Se não estiver aparecendo aperte no link para ver em "full screen" e depois no link "cc" na parte inferior, à direita.
 
 
 
 
Gagueira (gaguez) nas escolas: Depoimento de alunos.
 
 
 
 




 
 
 


Referências:
Gaiolas, Mónica. Gaguez da infância à adolescência. Portugal, 2010. Editora: Vogais & Companhia.
pt.wikipedia.org
 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

SpeechEasy - uma nova forma de comunicar

    O SpeechEasy é um aparelho idêntico ao auditivo, só que em vez de amplificar o som, altera-o para que o utilizador ouça a sua própria voz com um ligeiro atraso e uma frequência diferente.



Com o objetivo de reduzir a gaguez quando o utilizador fala com outras pessoas, este aparelho produz um “efeito coro” que cria no “gago” a ilusão de que está outra pessoa a falar ao mesmo tempo que ele. Este processo dá-se devido a uma combinação entre o atraso no Feedback Auditivo (DAF) e a alteração na frequência auditiva (FAF). O cérebro interpreta o AAF tratando-se de outra pessoa a falar em simultâneo, ativando processos cerebrais diferentes do discurso espontâneo, motivo pelo qual o SpeechEasy é considerado um inibidor cerebral, pois “engana” o cérebro e ativa áreas diferentes das normalmente utilizadas.

A maior parte dos utilizadores do SpeechEasy melhoram significativamente o seu nível de fluência. Contudo, a eficácia depende do paciente e também de certos fatores internos e externos.

O aparelho não funciona com todas as pessoas, mas com a maior parte delas obtêm-se resultados positivos, tendo mais sucesso em pessoas que apresentem uma assimetria do plano temporal esquerdo em relação ao direito.

Quanto às evidências dos seus efeitos, o SpeechEasy melhora os níveis de fluência em monólogos, leitura, falar ao telefone e em público.

A avaliação centra-se em: colocar o aparelho no paciente e, posteriormente, o Terapeuta da Fala discutir as mudanças observadas ou registadas na fluência do gago; Programar o dispositivo para determinar os parâmetros mais benéficos e verificar quais as configurações que permitem a melhor fluência para o gago; Ocorre um período experimental durante a avaliação com o objetivo de permitir ao gago usar o SpeechEasy no seu dia-a-dia e portanto experimentar por si próprio e conferir resultados.

No final da avaliação, o Terapeuta analisará se o aparelho será ou não uma opção válida para intervenção.


Testemunhos de utilizadores do SpeechEasy:
-"Este dispositivo permitiu-me voltar a falar em público."Luis M. Monteiro, Funcionário Público

-“O SpeechEasy fez toda a diferença nas apresentações orais na Universidade.” Ana Dias, estudante.


Reportagem da TVI sobre SpeechEasy com participação de Ivo Soares e do Terapeuta Gonçalo Leal :D



 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Workshop

Olá!

 No próximo dia 24 de Novembro realizar-se-á um workshop intitulado “Quando As Crianças Não Comunicam”, este terá como formadora a Drª Mónica Rocha, licenciada em Terapia da Fala, Especialista em Perturbações da Fluência (Gaguez),Mestranda em Neurociências Cognitivas e Neurodesenvolvimento e Terapeuta da Fala do Hanen Program (Intervenção Parental).






Aproveitem!!!

domingo, 11 de novembro de 2012

Um Caso de Sucesso

Judy Hammer-Knisely, Terapeuta da Fala da clínica de reabilitação infantil Wolfson, em Jacksonville (Flórida, EUA), insere o diminuto aparelho auditivo SpeechEasy na orelha esquerda de Matthew, 13 anos, enquanto os seus pais, Dora e Mark Reid, observam atentamente. O estudante recebeu o aparelho como recompensa por ter sido o vencedor da edição 2010 do Prémio Escolar Sean Anderson.





Jacksonville, Flórida (EUA), 12 jul. 2010 — Matthew Reid é um estudante de 13 anos, cujo irmão mais novo, Aidyn, de apenas 2 anos, está a lutar contra um cancro. Como se não bastasse, Matthew tem Gaguez, o que o torna alvo constante de humilhações e agressões na escola, ou seja, bullying. Porém, graças a um eloquente texto que ele escreveu sobre as dificuldades que a gaguez acarreta na sua vida escolar, as suas palavras podem agora fluir mais facilmente não apenas na escrita.
 
A redação de Matthew sobre a gaguez e bullying foi escolhida como vencedora do Prémio Escolar Sean Anderson, um concurso anual que premia alunos com dificuldades de comunicação. Como recompensa, ele recebeu um pequeno aparelho auditivo para o tratamento da gaguez, conhecido como SpeechEasy, ao qual foi apresentado no Centro de Reabilitação do Hospital Infantil Wolfson, em Jacksonville, Flórida (EUA).
 
“É maravilhoso. Estava com uma expectativa enorme e agora a sentir-me muito bem com o aparelho”, disse Matthew depois de alguns minutos de fala fluente com o SpeechEasy. “A Gaguez dele estava a ficar tão séria que toda a gente começou a preocupar-se”, disse a sua mãe, Dora Reid. “É muito diferente conversar com ele agora… Eu não poderia pedir uma bênção maior, à exceção da cura do Aidyn. Esta é uma bênção que está além das palavras.”
 
Matthew é um adolescente alto, com duas irmãs mais velhas e um irmão, Aidyn – que mora com ele em Waverly, Geórgia, e com Dora e Mark Reid. A sua gaguez fá-lo prolongar sons e algumas vezes bloquear palavras. Estudante em regime domiciliar por três anos, devido ao bullying e aos problemas médicos de Aidyn, ele teve que parar o tratamento em Terapia da Fala quando foi diagnosticada leucemia no seu irmão e este precisou de passar por nove quimioterapias, 25 radioterapias e 11 cirurgias.
 
Matthew admite que, por causa de sua Gaguez, a escola era um lugar muito difícil de frequentar, por isso ele não conseguia mais conter a expectativa de usar o aparelho, para ver se finalmente conseguiria retornar à escola como um aluno do oitavo ano.
 
“Durante a semana tinha sempre um rapaz na escola que me incomodava”, diz Matthew. “Eles são assim, não respeitam a dificuldade do outro. Eu só queria conseguir falar com um pouco mais de facilidade, para que parassem de me chatear.”



 


O caminho para chegar até ao Speecheasy começou quando a equipa da clínica Wolfson notou a gaguez de Matthew, no dia em que ele foi lá visitar o irmão Aidyn. Foi então agendada uma avaliação para que ele testasse o Speecheasy. Nesta avaliação, depois de experimentar o aparelho, ele foi solicitado a escrever uma redação contando como a gaguez afetava a sua vida. O texto foi inscrito no prémio escolar Sean Anderson e acabou por ganhar o concurso.

 
Criado por um casal morador de Ocoee, Andy Anderson e Martha Lopez-Anderson, o prémio escolar distribui anualmente aparelhos Speecheasy e tratamento em Terapia da Fala destinado a crianças que gaguejam. Ele foi batizado em homenagem ao filho deles, Sean, de 10 anos, que recebeu o aparelho nove meses antes de sua morte, no início de 2004.

 
Semelhante a um aparelho de surdez, o Speecheasy reproduz no ouvido do usuário um estímulo auditivo que causa um fenómeno conhecido como “efeito coro”. Esse efeito ocorre quando alguém fala em simultaneidade com outra pessoa, e tem a propriedade de facilitar a fluência em pessoas que gaguejam, diz Judy Hammer-Knisely, a Terapeuta da Fala que fez a avaliação de Matthew. “Portanto, o que o aparelho faz é deixar a pessoa sempre com a impressão de que há alguém a falar perto dela, para que isso facilite a sua fluência.”
 
Hammer-Knisely, depois de adaptar o aparelho ao ouvido de Matthew, pediu à sua mãe para ajudá-lo com exercícios simples. “Como achas que isso te vai ajudar com o teu irmão?”, perguntou Dora Reid ao filho. “Vai-me ajudar muito, porque eu agora vou poder conversar mais com ele”, Matthew respondeu.

 
A Sra. Lopez-Anderson falou da lembrança evocada por aquele feliz momento da primeira sessão de Matthew, enquanto segurava a última foto do seu filho Sean: “Vejo na sua fala e no seu comportamento o mesmo progresso e melhoria que vi no meu filho”, diz com lágrimas nos olhos. “Uma criança deveria ter a oportunidade, além da terapia conseguir uma melhoria real na sua Gaguez, qualquer coisa que desse a ela as ferramentas para não se retrair na vida.


Speecheasy.



Excerto da redação do Matthew, “Como a gaguez afeta a minha vida”:
“A gaguez afeta a minha vida porque, onde quer que eu vá, as pessoas tendem a rir-se de mim. Isso é muito stressante. No quarto ano, quando a professora me chamava para responder a uma pergunta, a turma inteira começava-se a rir. No recreio, os colegas faziam um círculo à minha volta, batiam-me, empurravam-me e diziam:‘Ha, ha, tu és gago, seu estúpido!’, o que tornava a minha fluência ainda pior.”

“Às vezes, quando alguém diz uma piada, uso isso para ficar mais forte e aprender a ignorar, mas é muito difícil. [...] Eu também tenho TDAH*, e isso, definitivamente, não me ajuda. A pior parte da minha gaguez é que eu tenho um irmão com apenas dois anos e que tem cancro. Os médicos não encontraram o cancro até ele completar 14 meses mas tenho esperança de que melhore.”

“Quando testei o Speecheasy, fiquei maravilhado e senti-me pela primeira vez uma pessoa normal. Eu quase chorei e a minha mãe ficou com lágrimas nos olhos. Eu não acreditava que uma coisa assim pudesse ajudar tanto. Isto significa muito para mim, ter uma vida normal pela primeira vez, poder voltar à escola, e quem sabe jogar basebol.”
 

*Transtorno do défice de atenção com hiperatividade


sábado, 10 de novembro de 2012

Analogia do Iceberg

  Quando as pessoas pensam na gaguez pensam muitas vezes no ato físico. Por exemplo, a real gaguez em si (ex.: repetições, prolongamentos, bloqueios, etc.) ou nas características secundárias (piscar os olhos, balançar o corpo para a frente, a comutação de palavra).
Contudo, existem muito mais aspetos que as pessoas não entendem, a menos que tenham uma relação forte e direta com uma pessoa gaga.

A gaguez é uma questão complexa, não são apenas as características físicas. De facto, as características físicas e mecânicas são apenas uma pequena parte da gaguez. E é isto que a analogia do iceberg pretende transmitir.
 
Se olharmos para o iceberg, observamos que a parte que está acima da linha da água é muito pequena quando comparada com a parte abaixo da linha da água, pois 90% da massa de um iceberg esconde-se abaixo da superfície. Da mesma forma, a grandeza do fenómeno da gaguez está escondida.
 
As pessoas com gaguez transportam consigo uma grande bagagem emocional que é invisível aos outros.
 
Os gagos têm frequentemente vergonha da incapacidade de falar normalmente e sentem-se diminuídos por causa desta dificuldade de comunicação (com os outros), sentem-se culpados por não realizarem coisas das quais seriam capazes se não fossem gagos e sentem-se embaraçados e frustrados por causa da gaguez e pela impaciência daqueles com quem falam. Para além disso, têm também receio de situações constrangedoras como fazer o pedido num restaurante ou ter de dar uma informação a alguém.
 
Tudo isto vai ter um grande impacto nas suas vidas e poderá condicioná-las.

 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Uma Mensagem Especial

  Ivo Soares, atualmente com 16 anos, foi um dos participantes do programa “Portugal tem Talento”, emitido pela Sic o ano passado, tendo chegado inclusivamente à final.
 
Poderia ser apenas mais um participante contudo, destacou-se não só pela sua grande voz, mas também por apresentar uma característica especial: ser gago.
Com um “T” de talento inscrito na sua personalidade, Ivo Soares sofreu para arriscar na sua vida. “Lidava mal com a minha fala. Até deixei de falar. Agora resolvi expor-me no programa. Estava farto de me esconder e calar. Se tenho voz é para a usar. Resolvi enfrentar o medo. Não foi fácil, mas está a ser compensador”, explicou o jovem à TV Mais.
 
Partilhamos agora, com vocês, uma mensagem que o Ivo deixou à Associação Portuguesa de Gagos, onde dá o seu exemplo e agradece o apoio que lhe prestaram.
Esperamos que gostem! :-)

 


 
Para quem quiser espreitar a atuação do Ivo na final do programa, fica também aqui o vídeo ;)

 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Jornada sobre Gaguez: “Quebrar Silêncios, Partilhar Responsabilidades”

  A Associação Portuguesa de Gagos realizou no dia 20 de Outubro, em Coimbra, uma jornada sobre gaguez, com os objetivos de consciencializar e refletir sobre a gaguez, bem como sensibilizar a sociedade e criar um espaço de interação e apoio.

Apresentarei aqui um resumo e os assuntos que achei mais importantes da jornada.

Na jornada foram apresentados vários tópicos, o primeiro deles, apresentado pelo Terapeuta da Fala Dr. Joseph Agius, falava sobre repensar a intervenção em gaguez (Re-Thinking Stuttering Intervention: The Smart Intervention Strategy) com o uso de uma estratégia de intervenção “The Smart Intervention Strategy”, que para o português pode-se traduzir como “Estratégia de Intervenção Inteligente”.
  Esta estratégia tem como objetivo, mudar as perceções que uma pessoa que gagueja tem sobre a gaguez. E como fazer isso? Usando a criatividade e o humor, mudando a perspetiva da gaguez, em vez de esta ser um problema passa a ser um dom, uma dádiva.
 
  As pessoas que gaguejam são como se fossem um carro avariado (usando o exemplo do Dr. Joseph Agius), para que o problema do carro não ocorra novamente nós vamos adotando técnicas. Ou seja, antes de conduzirmos o carro já vamos pensando se ele dará problemas ou não e para isso, ao ligarmos, aceleramos mais e, ao mesmo tempo, ficamos ansiosos e nervosos com a possibilidade de o carro parar no meio da rua. Da mesma forma, isto também ocorre com as pessoas que gaguejam, elas vão adotando técnicas para diminuir a gaguez e, ao mesmo tempo, têm sentimentos maus sobre ela ficando ainda mais ansiosos e nervosos numa situação em que terão de se expressar através da fala.
  
  Sabemos que a gaguez não é de origem psicológica, mas os pensamentos negativos sobre a gaguez que uma pessoa que gagueja tem, é um fator que não os ajuda no momento de falar.
 
  Mas voltando ao assunto da estratégia de intervenção. Ao usarmos a criatividade e o humor numa terapia o utente fica mais à vontade e mais motivado para realizar as técnicas propostas pelo terapeuta. Além do que, com o pensamento positivo sobre a gaguez diminui a tensão ao falar, pois o indivíduo aceita melhor a gaguez como parte de si.
 
Para terminar de explicar esta palestra usarei outro exemplo do Dr. Joseph Agius: "Nós podemos olhar para a mesma coisa e termos visões diferentes sobre ela". É o que acontece com a seguinte figura. Podemos ver dois mexicanos ou duas pessoas idosas, depende do ponto de vista de cada pessoa.
 
 
 
  O outro tópico apresentado foi uma mesa redonda sobre “Gaguez no Feminino”. Nessa parte da jornada houve depoimentos de duas mulheres gagas. Como sabemos a gaguez afeta mais o sexo masculino, por isso foi feita essa mesa redonda. Para refletir sobre as dificuldades de uma mulher que gagueja.
 
  Num dos depoimentos falaram sobre algumas estratégias que ela adotou para a sua vida, que a ajudaram a gaguejar menos: fazer exercícios regularmente (caminhar e ir ao ginásio), pois ajuda a regular a respiração; dormir bem (em quantidade e qualidade) diminui o cansaço físico e mental; ser uma pessoa organizada (organizar as tarefas diárias). E principalmente, usarei a expressão que a pessoa que estava fazendo o depoimento disse, não ter o “pensamento de gago” – “não vou conseguir”, “não posso fazer isso porque sou gago(a)”, etc. E falar e praticar sempre que possível.
 
  Quero avisar desde já que isto não é uma regra, cada pessoa usa as estratégias que lhe parecem mais convenientes e se uma estratégia funcionou com uma pessoa, não quer dizer que também tenha o mesmo resultado noutra. Procure sempre ajuda de um Terapeuta da Fala.
 
   Segundo uma das oradoras, a Terapeuta da Fala Helena Germano, também é importante que uma pessoa que gagueja participe num grupo sobre gaguez que contenha apenas integrantes gagos, sem terapeutas ou qualquer outro profissional da saúde. Porque os grupos trazem um sentimento de comunidade, de alívio, segurança e conforto. Evitando a tendência do isolamento, criando uma identidade para além da gaguez. No grupo, o indivíduo também terá maior entendimento das suas reações e encontrará respeito mútuo, além do que, poderá utilizar o que aprendeu no exterior. Os grupos de ajuda fornecem um impacto positivo na auto-imagem da pessoa e melhora a aceitação da gaguez.
 
  E para terminar o meu depoimento sobre a“Jornada sobre gaguez” quero deixar um recado para todos: Falem abertamente sobre a gaguez, partilhem ideias, desconstruam estereótipos e procurem entender a gaguez. O problema da gaguez não é só de quem é gago, mas da sociedade como um todo.
    

sábado, 3 de novembro de 2012

Notícia de Última Hora!!!

   Para os nossos colegas que fazem o curso de Terapia da Fala, para os terapeutas e para os interessados...

A Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala está a divulgar a próxima formação... que é sobre o assunto que tratamos aqui Gaguez!



Para acederem a mais informações vejam o facebook da associação: https://www.facebook.com/aptft
 
Aproveitem a oportunidade ;)
 


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Terapia da Fala e Gaguez

Boa noite para quem está ligado no iStutter!!

Temos mais informações sobre a Gaguez, hoje falaremos sobre o profissional que pode ajudar as pessoas que gaguejam... aproveitem!! ;)

 
O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, tratamento e estudo científico da comunicação humana e das perturbações com ela relacionada, tendo como objetivo principal melhorar a capacidade de comunicação. No caso da gaguez, perturbação da fluência do discurso em que se verificam bloqueios, repetições e prolongamentos de sons, o Terapeuta da Fala intervém, principalmente, no sentido de minimizar as dificuldades no estabelecimento e constrangimento das relações sociais, através de técnicas aplicadas a pessoas com este tipo de perturbação.
 
A intervenção do Terapeuta da Fala irá variar com a idade da pessoa gaga e com o grau de severidade de gaguez apresentado.
No caso das crianças é necessário realizar um diagnóstico rigoroso, pois poderá não se tratar de uma gaguez, mas sim de um período de disfluência, no entanto, é com “crianças na faixa etária entre os 3 e os 6 anos que mais famílias recorrem à Terapia da Fala. Os adolescentes e adultos, também recorrem à intervenção terapêutica, mas em menor número, pois segundo alguns relatos, estas faixas etárias já não esperam grandes resultados terapêuticos, muitas das vezes devido a más experiências”. (Gaiolas,M.)
 
No tratamento da gaguez, o terapeuta da fala atua, maioritariamente, sozinho. No entanto, deverá criar uma equipa com um psicólogo, com formação em gaguez, para auxiliar na organização das dinâmicas familiares e questões emocionais do próprio gago.
 
A melhoria do grau de gaguez está também dependente de outros fatores para além da intervenção do terapeuta da fala, tais como: idade do paciente, a presença ou não de fatores hereditários, e também do ambiente familiar que rodeia a pessoa gaga.



                                            
 




Referências: Gaiolas, Mónica. Gaguez da infância à adolescência. Portugal, 2010. Editora: Vogais & Companhia.

Causas da Gaguez

  
Olá...
Agora falaremos sobre as causas da gaguez.


Até ao momento já foram feitos vários estudos sobre as causas da gaguez, mas ainda nenhum foi considerado a causa específica desta. Já se realizaram pesquisas na área da genética, da neurologia; da neuroquímica, psicologia e ao nível sócio-ambiental. Em seguida iremos descrever as causas associadas a cada uma destas áreas.

Fatores Genéticos: alguns estudos dizem que existe uma grande predisposição genética para o aparecimento de gaguez, sendo que 40 a 50% dos casos de gaguez têm na história familiar alguém com esta perturbação na fala, e familiares de 1º grau de pessoas gagas poderão desenvolver gaguez com um risco 3 vezes superior a qualquer outra pessoa. Há ainda referência a que os gémeos verdadeiros (monozigóticos) têm maior probabilidade de desenvolver gaguez em relação aos gémeos falsos (dizigóticos).

Fatores Neurológicos: As pessoas com gaguez apresentam o hemisfério direito com mais atividade no processamento da fala, enquanto que as pessoas fluentes apresentam o hemisfério esquerdo mais ativo. Segundo alguns estudos há ainda a possibilidade de haver um distúrbio temporal entre as áreas de preparação e execução da linguagem no hemisfério esquerdo dos “gagos”. “ Contudo, os estudos ao nível da neurologia ainda são diminutos e fornecem apenas hipóteses explicativas para a causa da gaguez”. (Gaiolas,M. 2010)

Fatores Neuroquímicos: Estudos revelam a possibilidade de haver excesso de neurotransmissores, do tipo dopamina (neurotransmissor dos núcleos base que exercem o controlo motor), no cérebro das pessoas que gaguejam.

Fatores psicológicos: A maioria dos investigadores não consideram estes fatores como causas da gaguez. Para eles a ansiedade e os distúrbios psicológicos são apenas consequências da gaguez. No entanto, “alguns investigadores defendem que a gaguez poderá ter uma base psicológica, instalando-se e tornando-se crónica através de um comportamento aprendido” (Gaiolas,M. 2010).

Fatores Sócio-ambientais: Também não são considerados uma causa da gaguez, mas sim um fator externo que influencia o agravamento da mesma.

Podemos assim, concluir que a gaguez não tem uma causa aparentemente específica, como já foi referido, sendo que a sua causa poderá estar na interligação de todos estes fatores, o que torna a gaguez uma patologia com diversas causas. A gaguez difere de pessoa para pessoa, o que dificulta o conhecimento de uma causa concreta.




  

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Níveis de Desenvolvimento da Gaguez

Olá,
Neste post vamos falar sobre os 5 níveis de desenvolvimento da Gaguez.

Na tabela seguinte, estão apresentadas as características de cada um dos níveis, bem como as idades que são mais atingidas em cada um.


 Podemos ainda referir que o aparecimento da gaguez de forma mais severa (inicial, intermédia e avançada) está relacionado com:
 
   - Atraso de desenvolvimento da linguagem (ADL);
   - Acontecimentos emocionais.