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domingo, 11 de novembro de 2012

Um Caso de Sucesso

Judy Hammer-Knisely, Terapeuta da Fala da clínica de reabilitação infantil Wolfson, em Jacksonville (Flórida, EUA), insere o diminuto aparelho auditivo SpeechEasy na orelha esquerda de Matthew, 13 anos, enquanto os seus pais, Dora e Mark Reid, observam atentamente. O estudante recebeu o aparelho como recompensa por ter sido o vencedor da edição 2010 do Prémio Escolar Sean Anderson.





Jacksonville, Flórida (EUA), 12 jul. 2010 — Matthew Reid é um estudante de 13 anos, cujo irmão mais novo, Aidyn, de apenas 2 anos, está a lutar contra um cancro. Como se não bastasse, Matthew tem Gaguez, o que o torna alvo constante de humilhações e agressões na escola, ou seja, bullying. Porém, graças a um eloquente texto que ele escreveu sobre as dificuldades que a gaguez acarreta na sua vida escolar, as suas palavras podem agora fluir mais facilmente não apenas na escrita.
 
A redação de Matthew sobre a gaguez e bullying foi escolhida como vencedora do Prémio Escolar Sean Anderson, um concurso anual que premia alunos com dificuldades de comunicação. Como recompensa, ele recebeu um pequeno aparelho auditivo para o tratamento da gaguez, conhecido como SpeechEasy, ao qual foi apresentado no Centro de Reabilitação do Hospital Infantil Wolfson, em Jacksonville, Flórida (EUA).
 
“É maravilhoso. Estava com uma expectativa enorme e agora a sentir-me muito bem com o aparelho”, disse Matthew depois de alguns minutos de fala fluente com o SpeechEasy. “A Gaguez dele estava a ficar tão séria que toda a gente começou a preocupar-se”, disse a sua mãe, Dora Reid. “É muito diferente conversar com ele agora… Eu não poderia pedir uma bênção maior, à exceção da cura do Aidyn. Esta é uma bênção que está além das palavras.”
 
Matthew é um adolescente alto, com duas irmãs mais velhas e um irmão, Aidyn – que mora com ele em Waverly, Geórgia, e com Dora e Mark Reid. A sua gaguez fá-lo prolongar sons e algumas vezes bloquear palavras. Estudante em regime domiciliar por três anos, devido ao bullying e aos problemas médicos de Aidyn, ele teve que parar o tratamento em Terapia da Fala quando foi diagnosticada leucemia no seu irmão e este precisou de passar por nove quimioterapias, 25 radioterapias e 11 cirurgias.
 
Matthew admite que, por causa de sua Gaguez, a escola era um lugar muito difícil de frequentar, por isso ele não conseguia mais conter a expectativa de usar o aparelho, para ver se finalmente conseguiria retornar à escola como um aluno do oitavo ano.
 
“Durante a semana tinha sempre um rapaz na escola que me incomodava”, diz Matthew. “Eles são assim, não respeitam a dificuldade do outro. Eu só queria conseguir falar com um pouco mais de facilidade, para que parassem de me chatear.”



 


O caminho para chegar até ao Speecheasy começou quando a equipa da clínica Wolfson notou a gaguez de Matthew, no dia em que ele foi lá visitar o irmão Aidyn. Foi então agendada uma avaliação para que ele testasse o Speecheasy. Nesta avaliação, depois de experimentar o aparelho, ele foi solicitado a escrever uma redação contando como a gaguez afetava a sua vida. O texto foi inscrito no prémio escolar Sean Anderson e acabou por ganhar o concurso.

 
Criado por um casal morador de Ocoee, Andy Anderson e Martha Lopez-Anderson, o prémio escolar distribui anualmente aparelhos Speecheasy e tratamento em Terapia da Fala destinado a crianças que gaguejam. Ele foi batizado em homenagem ao filho deles, Sean, de 10 anos, que recebeu o aparelho nove meses antes de sua morte, no início de 2004.

 
Semelhante a um aparelho de surdez, o Speecheasy reproduz no ouvido do usuário um estímulo auditivo que causa um fenómeno conhecido como “efeito coro”. Esse efeito ocorre quando alguém fala em simultaneidade com outra pessoa, e tem a propriedade de facilitar a fluência em pessoas que gaguejam, diz Judy Hammer-Knisely, a Terapeuta da Fala que fez a avaliação de Matthew. “Portanto, o que o aparelho faz é deixar a pessoa sempre com a impressão de que há alguém a falar perto dela, para que isso facilite a sua fluência.”
 
Hammer-Knisely, depois de adaptar o aparelho ao ouvido de Matthew, pediu à sua mãe para ajudá-lo com exercícios simples. “Como achas que isso te vai ajudar com o teu irmão?”, perguntou Dora Reid ao filho. “Vai-me ajudar muito, porque eu agora vou poder conversar mais com ele”, Matthew respondeu.

 
A Sra. Lopez-Anderson falou da lembrança evocada por aquele feliz momento da primeira sessão de Matthew, enquanto segurava a última foto do seu filho Sean: “Vejo na sua fala e no seu comportamento o mesmo progresso e melhoria que vi no meu filho”, diz com lágrimas nos olhos. “Uma criança deveria ter a oportunidade, além da terapia conseguir uma melhoria real na sua Gaguez, qualquer coisa que desse a ela as ferramentas para não se retrair na vida.


Speecheasy.



Excerto da redação do Matthew, “Como a gaguez afeta a minha vida”:
“A gaguez afeta a minha vida porque, onde quer que eu vá, as pessoas tendem a rir-se de mim. Isso é muito stressante. No quarto ano, quando a professora me chamava para responder a uma pergunta, a turma inteira começava-se a rir. No recreio, os colegas faziam um círculo à minha volta, batiam-me, empurravam-me e diziam:‘Ha, ha, tu és gago, seu estúpido!’, o que tornava a minha fluência ainda pior.”

“Às vezes, quando alguém diz uma piada, uso isso para ficar mais forte e aprender a ignorar, mas é muito difícil. [...] Eu também tenho TDAH*, e isso, definitivamente, não me ajuda. A pior parte da minha gaguez é que eu tenho um irmão com apenas dois anos e que tem cancro. Os médicos não encontraram o cancro até ele completar 14 meses mas tenho esperança de que melhore.”

“Quando testei o Speecheasy, fiquei maravilhado e senti-me pela primeira vez uma pessoa normal. Eu quase chorei e a minha mãe ficou com lágrimas nos olhos. Eu não acreditava que uma coisa assim pudesse ajudar tanto. Isto significa muito para mim, ter uma vida normal pela primeira vez, poder voltar à escola, e quem sabe jogar basebol.”
 

*Transtorno do défice de atenção com hiperatividade


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