Jacksonville, Flórida (EUA), 12 jul. 2010 — Matthew Reid é um estudante de 13 anos, cujo irmão mais novo, Aidyn, de apenas 2 anos, está a lutar contra um cancro. Como se não bastasse, Matthew tem Gaguez, o que o torna alvo constante de humilhações e agressões na escola, ou seja, bullying. Porém, graças a um eloquente texto que ele escreveu sobre as dificuldades que a gaguez acarreta na sua vida escolar, as suas palavras podem agora fluir mais facilmente não apenas na escrita.
A redação de Matthew sobre a gaguez e bullying foi escolhida como vencedora do Prémio Escolar Sean Anderson, um concurso anual que premia alunos com dificuldades de comunicação. Como recompensa, ele recebeu um pequeno aparelho auditivo para o tratamento da gaguez, conhecido como SpeechEasy, ao qual foi apresentado no Centro de Reabilitação do Hospital Infantil Wolfson, em Jacksonville, Flórida (EUA).
“É maravilhoso. Estava com uma expectativa enorme e agora a sentir-me muito bem com o aparelho”, disse Matthew depois de alguns minutos de fala fluente com o SpeechEasy. “A Gaguez dele estava a ficar tão séria que toda a gente começou a preocupar-se”, disse a sua mãe, Dora Reid. “É muito diferente conversar com ele agora… Eu não poderia pedir uma bênção maior, à exceção da cura do Aidyn. Esta é uma bênção que está além das palavras.”
Matthew é um adolescente alto, com duas irmãs mais velhas e um irmão, Aidyn – que mora com ele em Waverly, Geórgia, e com Dora e Mark Reid. A sua gaguez fá-lo prolongar sons e algumas vezes bloquear palavras. Estudante em regime domiciliar por três anos, devido ao bullying e aos problemas médicos de Aidyn, ele teve que parar o tratamento em Terapia da Fala quando foi diagnosticada leucemia no seu irmão e este precisou de passar por nove quimioterapias, 25 radioterapias e 11 cirurgias.
Matthew admite que, por causa de sua Gaguez, a escola era um lugar muito difícil de frequentar, por isso ele não conseguia mais conter a expectativa de usar o aparelho, para ver se finalmente conseguiria retornar à escola como um aluno do oitavo ano.
“Durante a semana tinha sempre um rapaz na escola que me incomodava”, diz Matthew. “Eles são assim, não respeitam a dificuldade do outro. Eu só queria conseguir falar com um pouco mais de facilidade, para que parassem de me chatear.”
O caminho para chegar até ao Speecheasy começou quando a equipa da clínica Wolfson notou a gaguez de Matthew, no dia em que ele foi lá visitar o irmão Aidyn. Foi então agendada uma avaliação para que ele testasse o Speecheasy. Nesta avaliação, depois de experimentar o aparelho, ele foi solicitado a escrever uma redação contando como a gaguez afetava a sua vida. O texto foi inscrito no prémio escolar Sean Anderson e acabou por ganhar o concurso.
Criado por um casal morador de Ocoee, Andy Anderson e Martha Lopez-Anderson, o prémio escolar distribui anualmente aparelhos Speecheasy e tratamento em Terapia da Fala destinado a crianças que gaguejam. Ele foi batizado em homenagem ao filho deles, Sean, de 10 anos, que recebeu o aparelho nove meses antes de sua morte, no início de 2004.
Semelhante a um aparelho de surdez, o Speecheasy reproduz no ouvido do usuário um estímulo auditivo que causa um fenómeno conhecido como “efeito coro”. Esse efeito ocorre quando alguém fala em simultaneidade com outra pessoa, e tem a propriedade de facilitar a fluência em pessoas que gaguejam, diz Judy Hammer-Knisely, a Terapeuta da Fala que fez a avaliação de Matthew. “Portanto, o que o aparelho faz é deixar a pessoa sempre com a impressão de que há alguém a falar perto dela, para que isso facilite a sua fluência.”
Hammer-Knisely, depois de adaptar o aparelho ao ouvido de Matthew, pediu à sua mãe para ajudá-lo com exercícios simples. “Como achas que isso te vai ajudar com o teu irmão?”, perguntou Dora Reid ao filho. “Vai-me ajudar muito, porque eu agora vou poder conversar mais com ele”, Matthew respondeu.
A Sra. Lopez-Anderson falou da lembrança evocada por aquele feliz momento da primeira sessão de Matthew, enquanto segurava a última foto do seu filho Sean: “Vejo na sua fala e no seu comportamento o mesmo progresso e melhoria que vi no meu filho”, diz com lágrimas nos olhos. “Uma criança deveria ter a oportunidade, além da terapia conseguir uma melhoria real na sua Gaguez, qualquer coisa que desse a ela as ferramentas para não se retrair na vida.
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